swap harakiri girl
Por:Eduardo Cabrita, Deputado
A demissão de Portas prova que estamos na hora de swing, de mudar antes de esbarrar na parede
Gaspar tinha a afabilidade dos falsos tímidos, a familiaridade
dos corredores de Frankfurt, Washington e Bruxelas e a determinação ideológica
de operar uma revolução liberal que aliviasse o peso do Estado e permitisse a
explosão das energias ocultas de uma economia solta das grilhetas do défice e da
dívida.
Foi traído pela realidade de um País que só conhecia de manuais
e relatórios, pela cegueira e impotência europeias, pela ancestral centralidade
das políticas públicas em Portugal desde a epopeia dos Descobrimentos e pelo
desespero dos colegas de Governo e dos partidos da maioria perante os colossais
desvios entre as previsões e os resultados.
A substituição de Vítor Gaspar vinha sendo ansiada pela maioria
como um bálsamo para o isolamento crescente do Governo, a culminar numa greve
geral vista com simpatia pelas confederações patronais, e um refrigério social
que permitisse ao Governo ainda almejar um segundo fôlego que o levasse até 2015
numa versão light da austeridade custe o que custar. A dúvida estava no momento
ideal. Se após o glorioso regresso aos mercados em setembro, se após a aprovação
do último Orçamento feito a meias com a troika ou, no limite, no final do
programa de ajustamento no final da próxima primavera.
O descalabro orçamental de 2013 e a reiterada embirração com o
Estado de Direito levaram a uma saída que gelou o País e a maioria pelo
desajustamento da solução.
Perante a glacial Swap Girl perpassa pelo País uma nostalgia
melancólica pela educada teimosia de Gaspar.
Maria Luís é o harakiri do Governo. É o hardcore do
fundamentalismo troikista. Fez tudo para não ser recomendável. Geriu as
privatizações violando a obrigação legal de regular o interesse estratégico
nacional. Foi juíza em causa própria no caso dos swaps. A forma como tratou
colegas de Governo mostra mãos sujas a escorrer veneno político. No Parlamento
cometeu perjúrio.
A nomeação da Swap Girl para as Finanças é o harakiri político
de Passos Coelho. A demissão de Portas prova que estamos na hora de Swing, de
mudar antes de esbarrar na parede.
Procura-se Presidente da República, vivo ou morto…
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