a força dos indiferentes .....
Alexandra Veiga - Não são os agressivos, nem os
tristes, nem os revoltados que me assustam, antes os indiferentes.
Julgar nos dias de hoje os rostos que passam
pelas nossas salas e que não fazem notícia espelha o país que temos:
vidas sem
vida que passam pela grande sala e não fazem notícia.
Não raramente quando procuro o momento da culpa
encontro-a como comum àqueles rostos.
Não são os agressivos, nem os tristes, nem os
revoltados que me assustam, antes os indiferentes, os vazios.
Definidos como os que a quem nada comove, que não
se importam e não apresentam qualquer motivo de preferência, sendo indiferente o
caminho.
Desinteressados por qualquer assunto, não possuem
sentimentos pessoais acerca de algo ou de alguém, frios e insensíveis.
Num país obcecado por números, o projetado mapa
judiciário para servir "as pessoas" faz notícia pelo controle dos números a que
seremos sujeitos.
No fundo continuamos um país de classes cada vez
mais afastado da cidadania coletiva.
E, numa frase de Miguel Torga, " A gente pouco
sabe a gente pouco pode".
Alexandra Veiga,
Juíza de Direito |
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