PAULO MORAIS |
sonho truncado
Através de um acesso simplificado ao ensino superior, o regime ‘maiores de 23’, foram muitos os milhares que concretizaram um sonho adiado: ter uma licenciatura. Este é um tipo de aspiração que pode agora ruir e perder-se na enxurrada da crise.
Milhares de trabalhadores no ativo chegaram pela primeira vez
ao ensino superior. Tendo abandonado a escolaridade no secundário há décadas,
mas com uma experiência profissional rica, decidem agora complementar com
conhecimentos teóricos a experiência prática da sua rica vida laboral. Louvável!
Um segundo grupo de alunos ‘maiores de 23’ é constituído por reformados que
pretendem enriquecer esta fase das suas vidas, valorizando a sua componente
intelectual. A estes vieram ainda juntar-se, por simpatia, outros que haviam
desistido das suas licenciaturas a meio do percurso. A integração destes alunos
no sistema de ensino superior constituiu um desafio. Um desafio plenamente
superado. Apesar de muitos não estudarem há muitos anos, o seu entusiasmo
rapidamente os fez recuperar a ginástica mental. Compensaram as fraquezas com a
sua férrea vontade.
A integração destes novos alunos com quarenta, cinquenta ou
mais anos de idade num sistema frequentado maioritariamente por jovens de vinte
foi surpreendente. A intergeracionalidade foi talvez a maior vitória deste
inovador regime. Os mais jovens transmitem aos mais velhos os conhecimentos
científicos mais recentes, ajudam-nos na informática. Os mais velhos comunicam
aos mais novos o saber de experiência feito, ensinam-nos a superar as
dificuldades da vida. Este modelo veio permitir o casamento de uma juventude
hiperativa com a ponderação própria de idades mais maduras. Com as dificuldades
dos últimos tempos tem-se assistido à debandada de muitos dos alunos ‘maiores de
23’. Uns porque têm de trabalhar mais tempo para defender os seus empregos,
outros porque ficaram desempregados. Alguns reformados abandonam, pois o
orçamento familiar já não permite o pagamento de propinas. A vida de todos fica
mais pobre. Financeiramente, mas sobretudo intelectualmente.
Deste modo, falsas medidas de combate à crise chegam ao ponto
de inibir o conhecimento. Assim, o subdesenvolvimento tornar-se-á
irreversível.
É ASSIM QUE ESTES VAGABUNDOS TRATAM MAL OS PORTUGUESES !!!!.....
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