GOVERNAR EM CONFLITO
Foi duradoura a vaia dada a Passos Coelho nas cerimónias do 10 de Junho, em Elvas. Marcou o dia e marcou o estado de desconsolo impaciente da nação com o governo. Quando o PR se dirigiu às tropas apeadas, e depois à televisão, tudo já estava dito e entendido. O divórcio entre governantes e governados será litigioso.
Nem outra coisa seria de esperar. Passos Coelho, por um
qualquer motivo profundo, só sabe governar em conflito. Começou por conduzir um
cerco a Belém até reduzir o PR a um nada simbólico, aproveitando a gaffe sobre a
miséria das pensões e comprometendo-o na go-vernação. Foi mesmo a grande vitória
política do presidente do PSD até aqui. Todos sabemos que Passos Coelho não
sobreviverá depois da magistratura de Cavaco Silva.
As ações do primeiro-ministro tendem por sistema à divisão
entre portugueses e instigam ao conflito entre jovens e idosos, entre
trabalhadores privados e funcionários públicos, entre a Constituição e as leis
mentais que o seu governo afeiçoa. Por um qualquer motivo, ele não se identifica
com a sociedade portuguesa contemporânea. Mesmo quando tem a oportunidade de
fazer melhor as coisas e de uma forma mais pacífica, ele prefere acentuar o
conflito. Veja-se o caso do chamado subsídio de férias. Em vez de ter dado
execução límpida ao acórdão do TC, o governo caprichou em confundir tudo e todos
com o outro subsídio em pagamento por mensalidades, e agora no orçamento
retificativo escalonou por rendimentos e adiou por meses essa obrigação. O braço
de ferro com o TC é um dos sintomas da leviandade deste governo em termos do
regular funcionamento das instituições democráticas. É claro que o exemplo de
Passos Coelho alastra aos ministros mais dados ao mimetismo da liderança. Nem me
refiro a Vítor Gaspar, pois neste caso não se sabe quem é a criatura e quem é o
criador. Mas Nuno Crato, depois da decisão negativa sobre a obrigatoriedade de
serviços mínimos para os professores nos dias de greve, tendo tido a
oportunidade de mudar as datas dos exames de 17 para 20 de junho com a garantia
de que os sindicatos não marcariam greve nesse dia, recusou e preferiu manter a
estratégia da tensão. Só pode ter seguido algum mau exemplo. Quem semeia ventos…
ISTO SÓ PODE SER O DIABO !!!!.....
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