LIGA DE FUTEBOL |
Pequeninos e mesquinhos
- José Eduardo Moniz
- NOTÍCIAS
- Opinião
desistência da União de Leiria da Liga era previsível perante as rescisões em
massa registadas entre os seus jogadores e apenas confirma que este é um País de
opereta
Concretize-se ou não o abandono, o futebol português
transformou-se, há muito, num bom exemplo do jogo de desgraças, mentiras e
cumplicidades em que andamos todos mergulhados. Não se percebe como se deixa um
clube participar na mais alta competição futebolística sem que reúna condições
para, no mínimo, pagar os salários aos atletas.
Sabendo-se que o Leiria não é caso único, os cérebros
brilhantes que integram e comandam a Liga de Futebol profissional insistem,
mesmo assim, em alargar a principal prova nacional para 18 clubes. Se o desfile
de debilidades já era grande, ainda vai ser maior, com utilidade zero. Corrijo:
talvez venha a ter uma – mostrar, em pouco tempo, que há mais uns quantos clubes
a retirar-se pela porta dos fundos, sem honra nem glória, submersos pela
miséria.
O reforço da qualidade e a melhoria dos níveis competitivos são
coisas de somenos perante estratégias que só visam a satisfação de clientelas e
o acesso à conquista ou manutenção de lógicas de poder absolutamente ridículas.
O Leiria constitui uma nova evidência da falta de solidez da maioria das
instituições desportivas, inundadas de dívidas e à mercê dos bancos. No fundo, é
o mesmo que se passa com grande parte das empresas portuguesas, que se
endividaram até ao tutano, e com o Estado, que gastou à tripaforra, sem cuidar
de saber se a estrutura da economia aguentava tanto desvario. Estamos agora a
pagar a factura com doses de austeridade que dão para matar um cavalo. E o que
entristece mais é que há quem nunca aprenda. Alberto João Jardim, por exemplo. A
avaliar por notícias de ontem, o presidente do Governo da Madeira terá aprovado
a concessão de empréstimos a empresas que o Tribunal de Contas declarou
tecnicamente falidas e cuja extinção foi mesmo proposta pela Inspecção-Geral de
Finanças. Uma vergonha, tanto mais impressionante quanto se sabe que o
desemprego português já vai nos 15,3%, que o orçamento da Segurança Social está
destinado a sofrer novas reduções e que o Governo decidiu finalmente confessar
que só vai devolver os subsídios de Natal e de férias aos bochechos, tendo o
horizonte de 2018 como meta para os entregar na íntegra. Mas sem certezas. São
ainda planos de trabalho e projecções…
O povo também gostaria de poder saldar as suas contas aos
fornecedores com a promessa de um dia lhes pagar. Infelizmente, esses não vão na
cantiga.
No meio disto tudo, há quem ainda se insurja contra a
espectacular operação de marketing do Pingo Doce, no 1º de Maio, e com a
avalanche de clientes que desencadeou. Afinal, vimos o Portugal de hoje no seu
melhor. Somos mesmo pequeninos. Mesquinhos.
É TAMBÉM MOVIMENTO DE PAIXÕES !!!
MAS COMO SERÁ O PROBLEMA DOS CLUBES ENDIVIDADOS ???
POIS : O PORTUGUÊS MEDÍOCRE NÃO ENTENDE ??
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