sexta-feira, 25 de maio de 2012

"""JOSÉ EDUARDO MONIZ "" NA CRÓNICA "" O URSO E A CEGUEIRA ""



JOSÉ EDUARDO MONIZ

O urso e a cegueira


   Por:José Eduardo Moniz (jemoniz@cmjornal.pt)

A austeridade em que o ministro das Finanças é mestre não pode ser o único remédio para a herança pesada que foi deixada por várias Governos, em especial, pelos últimos, de Sócrates.
 O combate ao "urso gordo", que é como Vítor Gaspar qualifica o défice, não justifica o estrangulamento cego da economia. Governar é resolver os problemas das pessoas, tentando, mesmo na adversidade, encontrar soluções que envolvam equilíbrio e sensibilidade social.
Percebe-se o aperto de todos estes meses, reconhece-se que a estratégia convenceu o BCE, o FMI e a UE a manterem a canalização de muitos milhões de euros para Portugal, mas é inaceitável o preço tremendo que mais de um milhão de cidadãos estão a pagar. A avassaladora destruição de emprego ocorrida nos doze meses de vigência do acordo com a troika supera as mais desoladoras expectativas. A angústia de tanta gente lançada para os braços do desemprego e a desesperança de milhares de jovens chocam qualquer alma empedernida. Neste contexto, em nada contribuíram para suavizar o panorama as desajeitadas palavras de Passos Coelho, há dias, sugerindo que a perda de emprego deveria ser também encarada como uma oportunidade.
Não me passa pela cabeça que a afirmação do primeiro-ministro não tenha sido mais do que uma formulação infeliz, mas a mesma denuncia que o Governo parece à toa, apanhado, também ele, com uma perna no ar, pela força desenfreada com que o fenómeno se manifesta. É, de facto, altura de reconhecer que alguma correcção de rota precisa acontecer, mesmo que o objectivo do combate ao défice não abrande, tornando-se visível a necessidade de cultivar consensos que evitem acrescentar uma crise política e a instabilidade das ruas à disrupção económica e ao drama social a que o País assiste.
Nesse sentido, foi um colossal erro político o envio para Bruxelas do Documento de Execução Orçamental sem consulta ao PS. É por estas e por outras que a História nos lembra os inúmeros casos que comprovam que o poder não se ganha: perde-se. As lições que vêm da Grécia, de França e até da Alemanha entram pelos olhos dentro. A decisão de permitir que desempregados possam acumular parte do subsídio com um salário, desde que inferior ao anteriormente auferido, embora constitua um pequeno passo, tenta romper com a noção de insensibilidade e frieza de que as políticas governamentais vêm parecendo impregnadas.
Coincidiu com outra resolução importante: os cortes nos custos da produção eléctrica. Já não era sem tempo, num país desamparado, com indígenas a acotovelarem-se nos saldos do Pingo Doce e à beira do pânico que os ventos gregos para cá empurram.

POIS É :

E O POVINHO NA MISÉRIA !!!!...

ATÉ QUANDO ????  

                                                       

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