Cópia de relatórios
Saíram por estes dias o relatório anual do Banco de Portugal
(BdP), o parecer da UTAO parlamentar, o estudo da OCDE. Saúdo sobremaneira o
anúncio da contribuição financeira do BdP em impostos e dividendos para o
tesouro nacional. A maior desde a crise.
Não me refiro sequer aos relatórios da troika – essa criação
desengonçada e híbrida encarregue de vigiar as penitências dos Estados sob
resgate, embora esteja à espera dos seus resultados concretos na questão da
tributação do património da Igreja Ortodoxa grega, das empresas nos off-shores
da Irlanda, ou sobre as rendas excessivas da energia e das PPP em Portugal.
Retenho aqueles relatórios que o governo encomenda ‘sponte sua’ aos organismos
internacionais.
Assim, em janeiro tivemos direito a um projeto dos serviços do
FMI sobre a reforma do Estado que acompanhou a agenda do governo nessa matéria e
foi anexado ao famoso colóquio de propaganda reservado no Palácio Foz sobre o
mesmo tema. Provindo de um organismo cuja vocação é a de manter os Estados
necessitados em cura de despesas, os números avançados nesse relatório eram
medonhos para a sociedade portuguesa. O simples bom senso levou os
encomendadores a dar-lhe uma execução minguada e ocasional, embora possa
renascer das cinzas à falta de estudos governamentais.
Esta semana foi a vez de a OCDE publicitar um outro relatório
cujo título já deixa o governo em cuidados. Tratar--se-á de "Reformar o Estado
para Promover o Crescimento", pois o organismo saído do Plano Marshall tem a sua
natureza mais ligada à economia real do que aos objetivos monetários. Enquanto
os assalariados do FMI recomendam os despedimentos às dezenas de milhar, já os
relatores da OCDE chamam a atenção para o cuidado que se deve ter nessa operação
de desmantelamento do Estado, a fim de garantir a eficiência dos serviços
públicos, uma preocupação que não faz o pleno na cabeça dos atuais governantes
que encaram as funções do Estado português como se este fosse um Estado
colonizado, e portanto rarefeito. Um modelo inconsciente? Este alerta da OCDE
colhe, tanto mais que está em curso pela mão da troika uma operação cujo
resultado será a criação de Estados débeis desde a Península Balcânica à
Península Ibérica.
ONDE A PENINSULA IBÉRICA IRÁ PARAR ???...
OS CORVOS NÃO NOS LARGAM .....
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