sábado, 18 de maio de 2013

""" Professor Medeiros Ferreira """ e a sua crónica "" Cópia de Relatórios """



                                                                     

Cópia de relatórios

Por:Medeiros Ferreira, Professor Universitário

Saíram por estes dias o relatório anual do Banco de Portugal (BdP), o parecer da UTAO parlamentar, o estudo da OCDE. Saúdo sobremaneira o anúncio da contribuição financeira do BdP em impostos e dividendos para o tesouro nacional. A maior desde a crise.
Não me refiro sequer aos relatórios da troika – essa criação desengonçada e híbrida encarregue de vigiar as penitências dos Estados sob resgate, embora esteja à espera dos seus resultados concretos na questão da tributação do património da Igreja Ortodoxa grega, das empresas nos off-shores da Irlanda, ou sobre as rendas excessivas da energia e das PPP em Portugal. Retenho aqueles relatórios que o governo encomenda ‘sponte sua’ aos organismos internacionais.
Assim, em janeiro tivemos direito a um projeto dos serviços do FMI sobre a reforma do Estado que acompanhou a agenda do governo nessa matéria e foi anexado ao famoso colóquio de propaganda reservado no Palácio Foz sobre o mesmo tema. Provindo de um organismo cuja vocação é a de manter os Estados necessitados em cura de despesas, os números avançados nesse relatório eram medonhos para a sociedade portuguesa. O simples bom senso levou os encomendadores a dar-lhe uma execução minguada e ocasional, embora possa renascer das cinzas à falta de estudos governamentais.
Esta semana foi a vez de a OCDE publicitar um outro relatório cujo título já deixa o governo em cuidados. Tratar--se-á de "Reformar o Estado para Promover o Crescimento", pois o organismo saído do Plano Marshall tem a sua natureza mais ligada à economia real do que aos objetivos monetários. Enquanto os assalariados do FMI recomendam os despedimentos às dezenas de milhar, já os relatores da OCDE chamam a atenção para o cuidado que se deve ter nessa operação de desmantelamento do Estado, a fim de garantir a eficiência dos serviços públicos, uma preocupação que não faz o pleno na cabeça dos atuais governantes que encaram as funções do Estado português como se este fosse um Estado colonizado, e portanto rarefeito. Um modelo inconsciente? Este alerta da OCDE colhe, tanto mais que está em curso pela mão da troika uma operação cujo resultado será a criação de Estados débeis desde a Península Balcânica à Península Ibérica.

ONDE A PENINSULA IBÉRICA IRÁ PARAR ???...

OS CORVOS NÃO NOS LARGAM .....

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