PAULO MORAIS |
Primeiro-Mentiroso
Por:Paulo Morais, Professor
Universitário
Passos Coelho, quando candidato nas últimas eleições, prometeu
o céu. Mas remeteu-nos ao infercampanha, tinha garantido que jamais
aumentaria impostos.
Afiançou também que não seria necessário baixar salários,
pensões e reformas ou retirar subsídios. O equilíbrio das contas públicas
far-se-ia com a redução de gorduras nos setores intermédios do estado, a
diminuição das rendas das parcerias público-privadas e, a longo prazo, com uma
profunda reforma da Administração. Dois anos volvidos, conclui-se que Passos
Coelho aplicou medidas precisamente opostas às que tinha prometido. Mentiu-nos,
numa atitude em que foi acompanhado pelo seu parceiro de coligação. O CDS
defendia a diminuição da carga fiscal, até chegar ao governo e se tornar
cúmplice do seu agravamento.
O antecessor de Passos, José Sócrates, fez o mesmo. Prometendo
não aumentar impostos, não tardou em fazê-lo quando subiu ao poder. Mais um
mentiroso. Da mesma forma, Durão Barroso tinha anunciado, na campanha de 2002,
um choque fiscal, com uma brutal redução de impostos. Mal tomou posse, a
primeira medida tomada pela sua ministra das finanças, Manuela Ferreira Leite
foi… aumentar impostos.
O comportamento de dirigentes que, deliberadamente, enganam o
povo em campanha não é admissível. A democracia só é autêntica quando se
contrapõem, nas eleições, projetos alternativos. Os eleitos devem-se sentir
obrigados a honrar e implementar o programa vencedor. Não há desculpas para não
cumprir, nem mesmo o desconhecimento da realidade concreta. Quem se candidata a
lugares desta importância não pode revelar tamanha incompetência.
Com estas práticas de mentira reiterada, desacredita-se todo o
sistema democrático. Os deputados votam leis contrárias ao programa a que se
vincularam em campanha, violando assim a lealdade que devem aos seus eleitores.
Os partidos do arco do poder transformaram os processos
eleitorais, que deveriam servir para o debate de ideias e confronto de projetos
políticos, em circos de sedução em que acaba por ganhar quem é mais eficaz a
enganar os cidadãos. As eleições transformaram-se em concursos para a escolha do
melhor mentiroso. O troféu em jogo é a chefia do governo.
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