Álvaro Cunhal
Fuga de Peniche
A chamada Fuga de
Peniche foi um episódio da história de Portugal - no contexto da
oposição ao
regime salazarista - ocorrido na prisão
de alta-segurança de Peniche a 3 de Janeiro de 1960.
Teve como atores os chamados Dez de Peniche,A operação foi organizada internamente por uma comissão integrada por Álvaro Cunhal, Jaime Serra e Joaquim Gomes e, no exterior, por Pires Jorge e Dias Lourenço, com a ajuda de Octávio Pato, Rui Perdigão e Rogério Paulo.
Na data aprazada, ao
final da tarde, um automóvel (conduzido pelo ator, já falecido, Rogério
Paulo) parou em frente ao forte com o porta-bagagens aberto.
Esse era o sinal combinado para que, no interior da prisão se soubesse que, no
exterior, estava tudo a postos para a fuga.
O carcereiro foi então
neutralizado com o emprego de uma anestesia e, com a ajuda de um sentinela – o guarda
José Alves – que fazia parte do plano de fuga, os prisioneiros
atravessaram, sem serem percebidos pelos demais sentinelas, o trecho mais
exposto do percurso. Encontrando-se no piso superior, desceram para o piso
inferior por uma árvore. Daí
correram para o pano exterior da muralha, para logo descerem o mesmo com o auxílio de
uma corda feita com lençóis até alcançarem o fosso exterior. Dele, tiveram ainda
que saltar um muro para chegar à vila, onde já se encontravam à espera os
automóveis que os haviam de transportar para as casas clandestinas onde deveriam
passar a noite.
Álvaro Cunhal passou a
noite na casa de Pires Jorge em São João do Estoril, onde ficou a
viver clandestinamente durante algum tempo.
O guarda José Alves que
participou na conspiração exilou-se logo em Bucareste, Roménia. Aí juntou-se-lhe mais tarde a família.
José Alves, a quem fora garantido pelos demais conspiradores que no exílio iria
ter uma boa vida, não viu as suas expectativas realizadas e acabou por
suicidar-se (ao que não haveria sido alheio encontrar-se longe da pátria e sem
perspectiva de poder regressar assim como possíveis dificuldades materiais por
haver sido esbolhado da recompensa). Após o 25 de Abril, sua esposa veio a
Portugal e haveria tentado falar com Álvaro Cunhal (na altura ministro do
governo provisório). Em 1960 José Alves recebeu dos conspiradores 120 contos
de réis de recompensa mas, no seguimento da operação, sua esposa foi detida
e havendo confessado a existência do dinheiro, ele foi-lhe confiscado pelo
Estado. Dele foi posteriormente ressarcida após o 25 de Abril
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