segunda-feira, 6 de agosto de 2012

"" PROFESSOR MEDEIROS FERREIRA ""VERÃO QUENTE ......



     
           

Verão quente

Por:Medeiros Ferreira, Professor Universitário

A Europa prepara-se para um Verão quente. A banhos há mais de dois anos, os seus responsáveis não entenderam os verdadeiros perigos que a zona euro corria depois do desencadear da crise financeira internacional em 2008. Sobretudo a ‘Alemanha Fortaleza’ estimou mal os seus recursos para se manter em segurança monetária sem se fazer rodear por um alargado perímetro económico de crescimento que englobasse os países da zona euro. Pelo contrário, preferiu construir a tese segundo a qual a crise das dívidas soberanas seria meramente periférica e devida aos desvarios hedonistas das populações do arco solar dadas à ‘siesta’ não-transaccionável. Com a cumplicidade tonta de Sarkozy, empurrou a Grécia para uma situação em que as medidas necessárias para Atenas se manter no euro são equivalentes às que terá de tomar caso venha a optar por sair da inóspita zona monetária sediada em Frankfurt, onde se abrigou na viragem do século.
Os ‘planos de resgate’ sucederam-se assim numa versão errática de protectorados financeiros: depois da Grécia sucedeu-se a Irlanda e Portugal, mas as marcas territoriais estenderam-se rapidamente à Espanha, Chipre, à eterna Itália e à novel Eslovénia. Fora da zona euro, gemem a Hungria, a Estónia e o mais que agora se anuncia.
Ora o que agora se anuncia é a própria desacreditação dos rankings de triplo A da banca alemã e do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) que têm servido de garantia aos empréstimos internacionais para alguns países da zona euro a taxas de juro mais baixas. O incêndio está pois a chegar às melhores searas que se julgavam protegidas.
Só o BCE, intermitentemente, parece querer evitar a catástrofe monetária, tendo para o efeito de desrespeitar os seus próprios estatutos. Esses estatutos são a prova da má-fé de alguns dos seus promotores e foram elaborados com reserva mental. Os estatutos do BCE não estão feitos para optimizar a zona monetária e são um obstáculo à ultrapassagem da crise financeira europeia.
O pior é que a crise se avoluma e está agora centrada na Espanha, onde funciona o jogo do empurra. Depois da crise bancária, ainda não resolvida, já há quem queira envolver as autonomias no problema. Prevê-se turbulência.

                                                          

Sem comentários:

Enviar um comentário